segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Estúpido negócio

Mês de Agosto, ano 2013,
admirável palha
que CHOCA o país em estado de guerra
na forma de guerrilha acendalha!
Labaredas, terra queimada de mão em mão
pela avidez declarada do farnel…
terrorismo incendiário,
entre eles impera a causa do papel…

A noite está calma, o vento sopra de afeição,
O pirómano,
pela calada verdejante inflamável
à marcação planeada
celebra a extensão da linha horizontal
sobre apreciação do rentável rastilho,
dá azo à devastação do património fatal.

Silêncio camuflado ao assalto,
quantos mortos? Quantos feridos?
Quanto património,
quanta pobre gente de bens delidos?

Espectacular negócio instituído na leva desta sociedade
Conspurcada,
Que ministério da administração interna é este,
que fecha os olhos
A esta vergonhosa manobra de conveniência encetada?

 Gosto na televisão, ver as labaredas no céu!
 Quando eu for grande quero ser incendiário. – se Deus quiser -

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O Poeta

Desapegado,
O poeta deambula pela noite.
A noite está deserta,
O vento sopra
Agoniado pelo vento
Timbres de violinos invocados...
Enquanto os néons,
Convidam o poeta desnudado;
Sombras perseguidas na noite
Protegem anotação do inconformado.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Trapaças

Enquanto as trapaças pessoais pelo poder na rédea se digladiam, a cidade entre guetos, ilhas e condomínios fechados, geometricamente irracionais, aguardam deslumbrantes a queda dos convencidos.

Novecentos e quarenta e três quarteirões, duzentas e cinquenta praias, dez milhões e setenta e seis mil habitantes; três milhões de reformados!
Um milhão e meio de desempregados!
Cento e oitenta e cinco mil jovens diplomados, imigrados!
Trezentos e dez mil polícias fardados e desfardados!
Seiscentos e vinte mil militares, rasos, subalternos e graduados!
Seiscentos e trinta mil padres, missionários, freiras, cardeais, bispos e praticantes reacionários.
Dois milhões cento e cinquenta mil funcionários autarcas e parlamentares sebastianistas.
Noventa e nove mil toxicodependentes.
Oitenta e oito mil indigentes sem abrigo.
Duzentos e setenta e quatro mil putas e proxenetas.
Cinquenta e quatro mil patrões insolventes.
Cento e dois mil tecnocratas caciques e corruptos. 
Três mil bombeiros voluntários e não voluntários.
Quatrocentos e quarenta e dois mil pedintes.
Trezentos mil cento e dez no voluntariado presunçoso, submissos ao capitalismo.

Não fosse um presidente da república apoiado em nossa senhora de Fátima, ainda possuíamos mais ou menos: quinhentos e onze mil camelos a produzir bolinhas de sabão e um punhado de lacaios apátridas a convidar a comissão europeia a observar a transferência de soberania e independência nacional para a dejecção.


terça-feira, 28 de maio de 2013

Crise?

Crise? Mas qual crise? Cultural ou económica? Imaginem um Povo versado, culto, consciente, [política] julgam que não seria capaz de distinguir o preto do branco? Da mentira e da verdade? Do imparcial e do arbitrário? De certeza absoluta, que não se deixava levar por bonés disfarçados nem por palavras falaciosas.

Nesta perspectiva, tenho a convicção, que certa gentalha passada e presente jamais teriam acento na administração deste país. Agora que pretendem, estupidamente privatiza-la, entrega-la às mãos dos especuladores sem escrúpulos, é imperativo que a consciência popular na praça pública, imponha nos pés os seus próprios destinos.

A história é obra dos homens; a moral, a cultura, a religião constitui a superstrutura basilar de um Povo. Para aqueles, que a tomam como uma lição, um guia, uma identidade, sabem que a sua ausência é o principal motivo de conflitos económicos e sociais. O meu país, [Portugal], faz séculos que continua adiado, justamente porque a história e a cultura, coisa abstracta para alguns troca-tintas, nunca aprendeu com os erros e os defeitos. Estes aforismos é a prova provada que a ignorância foi e continua a ser o paradigma conveniente prefeito da classe burguesa. Do meu ponto de vista acanhado, a sociedade portuguesa, viveu e continua a viver o estigma da aparência, reflexo de herança que a juventude sempre usou como testemunho, um futuro vazio de ideias e objectivos.

O maior, e o mais rico investimento, que aliás o meu país sempre se recusou, por razões óbvias, é o ensino. Instrução baseada em princípios de semelhança, concórdia e cooperação. Filosofia que determina a verdadeira concepção para uma sociedade de direito, culta e civilizada. Basicamente, educar as crianças a conhecer a realidade dos seus antepassados, a realidade da sua aldeia, da sua freguesia, da sua cidade, a realidade da constituição do seu país. Há muito que agiotas, corruptos, negligentes, corsários, ideólogos apátridas teriam sido banidos.

Fora com os invasores, fora com os vendilhões de heranças dos nossos avós. Viva Portugal!


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Eles partem

Eles partem…
Despojados, abandonados, exportados.
Indignados, espirram-se
Como mexas
Ante o sangue coalhado
De maquiavélicas promessas…
Enquanto os ossos e a carne,
Oficiais mirrados,
Embebem a façanha dum sonho roubado!

Eles partem…
Salivam lágrimas veladas
Fronhas no leito iradas
De quimeras incendiadas.

E o olhar atado chora a sede
Do imago de mãe,
E os retratos acomodados
Gemem humedecidos a
Ausência das mãos,
E o sol, já não cumprimenta o dia
Pelas frinchas das persianas,
E a lua, perde-se na pejada noite
De lembranças recalcadas.

Eles partem…
Sob o rasto moribundo dum país
De indigentes politicamente admirados,
Onde os pais e as mães nunca adormecem!


terça-feira, 14 de maio de 2013

Senso

A figura suspeita a cartilha,
A cartilha escarlata a
A verdade,
A mentira escamoteia a cartilha
Para omitir a realidade…

Senso, assombrosa definição!
Quem é quem?
Juízo, porque te abjectas?
Quem é quem?
Raciocínio, porque te julgas?
Quem é quem?
Entendimento, porque prevaricas?
Quem é quem?
Julgamento, dualidade de pesos?
Quem é quem?
Siso, tino, circunspecção,
Prudência; estábulo de cornos e bestas
Num esgoto perfeito de favas intestinais.

Espectro iminente de uma desagregação
Social.
Tagarelas de números; triliões, milhões;
Cabras, carneiros, cabrões, vendilhões,
Impunemente a pastar na rotunda…
Adquire um hectare, multiplica por um quintal.
A banca surripia, o povo aguenta!?...



segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sermões


O pânico está instalado, na aldeia não se fala doutra coisa senão da praga, que já há uns tempos ameaça o desassossego, tanto nos agricultores como na comunidade em geral.

Domingo, dia de missa, a das sete…“quem madruga deus o ajuda”… os fiéis, a maior parte escolhem a primeira. Assim dispõem de mais tempo para outros afazeres.

Exuberante, o sacerdote introduz na homilia a consciência do bem e do mal. Facto denunciado noutros sermões, com assaz inquietação.

 - Caros paroquianos, como é do vosso conhecimento, existe uma praga na nossa terra! Aliás, já vos avisei que, para a combater, primeiro é preciso ter ideias, segundo união entre vós, porque as toupeiras raramente mostram o focinho e como não têm olhos levam-vos a eito as sementeiras todas

Não é com inseticidas, que se eliminam esses bichinhos, eles não possuem sensibilidade, são imunes às desgraças, não fazem ideia quanto custam as sementes, as alfaias, o suor, as lágrimas e muito menos o pão para os vossos filhos.

Deixo-vos um conselho; o hodierno momento em que vivemos, impõe muita atenção e cuidado, devem estar atentos aos logros e às manobras, porque esses bichinhos são oriundos de costumes grosseiros. Particularmente, têm líderes sem escrúpulos... coisa que vocês não têm! Por conseguinte, as vossas forças, com ajuda do Divino Espírito Santo, devem-se concentrar na defesa dos vossos haveres, para que a expulsão seja levada a cabo com firmeza e convicção; por uma terra onde os vossos filhos acreditem sem toupeiras, no futuro, por que é possível um futuro sem toupeiras...



sexta-feira, 19 de abril de 2013

Noite da Lusofonia

No próximo dia 26 de Abril estarei com os meus amigos Galegos, na cidade da Corunha, onde cantarei Abril:

terça-feira, 16 de abril de 2013

Introspecção no caminho da rua 19


Caminho da rua 19, devota compaixão por um outdoor dos vivos na contemplação de defuntos inevitáveis… como se fosse um sacrossanto culto, venerado pelos presentes de causas factuais. São os olhos no coração, tal compaixão curiosa! O edital acusa com admiração e consternação a visita dos primeiros e dos segundos:

- Ah! Ainda ontem a vi no café, sorridente e bem-disposta!
- Desafortunado, era tão novo, deixou uma filha de tenra idade!
- Ui! Este senhor vendia saúde, que nem uma rocha!
- Ai! Eu conhecia esta senhora, pertencia à família dos Maias.
- Nossa senhora! Esta era tão novinha, que tristeza! Que pena!
- A vida é assim, fugaz, sentença que todos aguardamos!
- Olha este era meu vizinho, pessoa pacata, cumprimentava-me sempre, era muito simpático!
- Eu já sabia que esta estava esta doente, não esperava que fosse tão depressa, coitada!
- É a vida, o sol nasce para todos, mas também acaba para todos.
- Só não percebo, perante esta realidade, como é que há gente a bater com a mão hipocritamente no peito?!
- É verdade, amigo, Isto anda tudo às avessas, há tanta gente má por aí que não presta.
- Tem razão, começando pelos políticos.
- Ó amigo, esses é que já deviam de ter abalado há muito.
- Não se preocupe que também vão, cá se fazem cá se pagam, graças a Deus, é a única justiça democrática e verdadeira que ele nos deixou. 

Se este outdoor, ponto de sentido por eminência, fosse um espaço de veneração religiosa, com tantos óbitos acontecer; as velas, as flores, e os castiçais talvez contribuíssem para minimizar o espírito mercantil, e afastasse duma vez por todas com um coice no traseiro, por inteiro, os “troicanos" e compª ldª daqui para o inferno…

Sejamos vivos, “verticalmente de pé” a vida contínua para além da morte…




segunda-feira, 25 de março de 2013

Protectorado

De ser português bem sabemos entender
Ainda mais donde contemplamos,
Ser ou não nus, como dizer;
Europeus por equívoco é coisa que não cantamos.

De mãe nos julgarmos supremos
O que de Pessoa e Camões outorgamos;
Uma língua com história engrandecemos,
Por uma insígnia onde outrora a cavamos…

Esvaziaram-nos os cestos, queimara-nos as vinhas!
Levaram-nos os moinhos o pão e as farinhas!
Mutilaram-nos os braços, secaram-nos os campos!

Agora crápulas como se fossem procuradores,
Sugam-nos os bolsos e as mãos de penhores,
Na condição vazia de mulheres e homens mancos!


terça-feira, 5 de março de 2013

Manifesto à sensibilidade

Já há algum tempo que ando impressionado, cismado… ontem numa praça, praça como outras do meu país, sofismada por acessos transversalmente invocados, quase deserta, talvez por causa do frio, o ar acusava níveis negativos confundindo uma tela apocalíptica, mosqueada no degelo do ozono. Já há mais tempo ando pessimista, e isto aconteceu-me logo à primeira vista, outros sensíveis como eu, também sentiram, quando no Mosteiro dos Jerónimos no ano de 1986 alguém decidiu, que passados nove séculos já não éramos capazes de continuar a segurar os nossos destinos.

Hoje, dia 2 de Março, ano 2013, olho o relógio situado na cúpula do edifício da câmara municipal do Porto, diz-me com o seu sereno e silencioso tic-tac imponente, mas também pessimista, apesar de nada ser com ele… e tem razão porque estávamos mesmo pessimistas, por ver à nossa volta um mar de gente, gente como eu, gente, gente que me fazia pensar no pensamento dele e deles; sofrimento de dor calada, indignação dum presente e um futuro pilhados de direitos, gente de presentes envenenados, gente silenciosamente de raiva acumulada… saber onde param os filhos, saber porque deram cabo do país dos seus filhos, dos avós, que os pais já sabem a sensibilidade sentida, igual à minha porque sou igual a eles, e, estava com eles.

O pior que pode acontecer, quando um presidente da república está mudo e surdo, um governo é vaiado de gatuno e faz do seu mandato um protectorado de invasores, é ficar em casa pantufadamente no sofá.

De dentro para fora, a badalada do sino do relógio, soava por entre milhares e milhares de cabeças, umas padecidamente indignadas, outras irritadamente revoltadas, era a última das primeiras, 18,30 como se fosse um magistral gesto de batuta do maestro Vitorino de Almeida!

Meio milhão de pessoas, crianças, novos e antigos, gerações com história, e outros, que ali estavam unidos pela mesma causa a mesma vontade de fazer uma nova história, uma nova revolução, um novo trabalho, uma nova educação, porque o pão continua a ser o mesmo, o nosso, pela fraternidade, solidariedade, independência.

Com a liberdade, embora ameaçada de inverdade, mas ainda de mãos dadas, o suficiente para estar ali, dizer o que cada um pensava à sua maneira, como nunca já se viu, em voz de ataque e garganta bem erguida, ao toque de caixa através do hino, Grândola Vila Morena! GATUNOS, GATUNOS, GATUNOS.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Liberdade

E os homens e as mulheres
Descem Avenida
De mãos dadas,
Descem e trazem nos dedos
A tinta de mãos abertas,
Promessas inchadas!

Corcundas, gritam: imbecis,
Idiotas, crápulas, agiotas…

Os homens e as mulheres
Sobem Avenida
De mãos separadas,
Sobem e levam nas mãos
Finas
Gretas de olhar coalhado,
A liberdade nas mãos levedadas.