terça-feira, 3 de novembro de 2009


Poema a Saramago



Transepto, como o farolim da barra,
Entre o céu e a terra,
Interioriza e vigia os mareantes…
Dos primeiros e dos segundos
Confessa-se surpreendido!
Porquê, olhos cheios e vazios
Olham assim tão distantes?!...

Por mais que lhes tange perto,
Embora longínquo,
Pensa absolutamente exacto,
O que lhe parece
Extraordinariamente incerto…

Bate-se pelo escrúpulo
Dos Deuses,
Na concomitância
De quem a verdade porfia…
Dizível substancia,
Ateu essência de prova,
Dos bons e dos maus
Que a derroga,
Cunha a beatice emitida…

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Aparências

Há quem tenha alento
E segure porte de grupo...
Há quem no primeiro cumprimento
Saia duplamente surpreendido
E disfarce o arrependimento com lata de puto...

Na circunstância do método enxertado,
Há quem tenha rétorica
E não tenha estado...
E há quem corra pela afirmação,
E hipoteque o carácter avassalado...

E há quem viva de aparências,
Na comparação achada possível
De querer ser o que não é
Por pensar, de que tudo é,
Incomparavelmente acessível!...

Autarca

Hoje o autarca,
é um inclino amanhado...
que depois
de estar lá dentro,
é como um circo domado
a incutir a visão,
para manusear o fim.
Por isso,
não vou ao consílio
pelo mesmo motivo
que ele não vem a mim...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Reticências..


Todos os dias saio numa coisa que, infelizmente se chama carro, carrego comigo uma saca com alguns livros, três géneros; Conto, Poesia e Romance (edições de autor) para vender não importa a quem, nem a onde e na maior parte das vezes, nem modo nem ordenança possuo. Evidentemente, todos têm um trilho de vida... por mim, nem me dou conta, aliás é o que mais detesto, marcar ponto...dado que já percorri 1/3 do país com cerca de 30 mil livros vendidos e como andarilho que sou, procuro sempre novas terras, porque é com elas, e com a gente do meu país, que melhor converso e conheço. Hoje, acordei com a ideia já fermentada, moída, ir até à Figueira da Foz.

Espinho, onde temporariamente resido por razões familiares. É segunda-feira, 9,30, na prosa dos dias, faço-me à estrada pela nacional, é o que mais gosto de fazer, admirar ainda retratos do meu país; os lugarejos, as casas antigas, monumentos, embora tristes, abandonados...as planícies, morros e leiras ainda com alfaias e pessoas, identidade que me aconchega, coisas belas, ainda de se ver e sentir!... Acabei, depois de passar outras tantas, chegar à terra de Mira. À Figueira ainda não foi desta!

Durante a viajem, como habitualmente, ligo a telefonia da coisa, ultimamente tenho sintonizado a TFS antena aberta, para ouvir o relato opinado de perguntas e respostas com os radiouvintes acerca de certos “acidentes” sociais do dia anterior.

Na minha opinião, não passa de um entretenimento efémero, ora veja-mos o caso das eleições para o parlamento Euroconstitucional.

A pergunta era: porque é que só votaram 36% dos eleitores?!...

- Pois, batatas são batatas, passamos a vida sempre a falar do mesmo, falar de coisas mesquinhas, do que é mais fácil, falar daquilo que está feito, falar do alheio, dos erros e dos defeitos, o subjectivo, a vaidade como o fazem!...

Que chatice, porque não falamos primeiro de nós? Como somos, as nossas fraquezas e virtudes, usar a nossa identidade e cultura, ser crítico construtivo, ter ideias e soluções, falar para que cada um possa agarrar a sua dignidade!...

É urgente pôr os políticos a falar com o povo e para o povo, ouvir os seus anseios e dificuldades, entender a sua consciência e não entreter o povo com falsas questões, ou estar na política de costas para o povo...

- Obstinadamente, continuamos póstumos!? (...)

Abaixo os inúteis paleios... se um terramoto tivesse voz!?...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Não, não votei!


Não votei porque senti uma obrigação consciente para não votar...e não me digam, que é falta de cidadania não votar, porque quando não se conhecem a razões do sufrágio, os deveres de cidadania são uma balela. Obviamente, se por quem de direito não dá exemplos de cidadania, que motivos tem o cidadão de o ser!?

- Assim, como ninguém me diz o que é que eu tenho de fazer para manter a minha dignidade; se não tenho trabalho, ou tenho e é insuficiente e sem garantias; se não tenho saúde nem dinheiro para me tratar, se a água, a luz e o pão que consumo, são os mesmos de certos proprietátios da banca, diferenciados apenas com uns chorudos 50 mil € mês...com toda a franqueza, como é possivel ser Europeu!?..


Com uma Europa tão desigual, uma Europa só para ricos, uma Europa só para cristãos, uma Europa controlada por meia duzia pessoas! Os restantes tocam música revolucionaria, em hotéis de 5 estrelas..

Como é possivel eu votar para as eleições Europeias?!..

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Máxima

Trago no ventre a insignificância da razão;
Aprendi a sofrer no início do berço.
Sempre me dei bem com a sopa, o pão,
E da água, sou a natureza que mereço...

Aprendi que, a vida é um sofrimento feliz...

Aprendi que, a felicidade é uma tragédia inventada...

Aprendi que, a religião é uma carta pervertida da matriz...

Aprendi que, a politica é uma habilidade amanhada!...

Aprendi que, num país de parasitas,
pedófilos e proxenetas. A lógica é uma denúncia estupidamente inventada...

Aprendi a entender a vivencia de grupo...
aprendi a ser como sou,
nunca como os outros que são...
por isso a minha consciençia,
será sempre um fontanário,
onde a água nunca secou...

sábado, 6 de junho de 2009

Estimulo

Com a vivência das épocas, a musica foi sempre uma das minhas grandes paixões! Reservou-me a memória, referências de estilos, sonorizações, ritmos e melodias que, na verticalidade do tempo quis a minha vontade dar-lhe continuidade...É uma declaração platónica, fundida na génesis de ser e estar com a arte da música. Mensagem dos textos que escrevo; meditação e protesto sobretudo por um mundo coerente...